23 de março de 2018

Sobre Efatá


Resumo dos fatos

Sob a tutela muçulmano dos califas, a relativa paz reinou na Ibéria durante 8 séculos entre os três povos do Livro: judeus, cristãos e muçulmanos.


Durante o reinado de Boabdil, cristãos e judeus se uniram para derrotar o único califado europeu. Derrotados e expulsos da Ibéria - com a força e o dinheiro dos judeus - os muçulmanos fizeram falta ao povo sefardita, que, de imediato, tiveram a cidadania cassada, e, sem lenço e sem documento, tiveram de abandonar a Espanha cristã que ignorou o direito consuetudinário.


O Castelo de Alhambra, em cujas dependências foi assinado o Decreto de Expulsão, foi construído pelos três povos do Livro; arquitetura exemplar, modernidade e superioridade de um povo; contava com água encanada, instalações sanitárias e sistema de abastecimento e irrigação próprios.
Expulsão dos mouros. Decreto de Alhambra assinado, iniciou-se a Diáspora Sefardita. Espalharam-se os judeus pelo mundo. A Turquia, que derrotara os bizantinos, abriu as portas para os sefarditas. O sultão Beyazit II enviara à Espanha o Almirante Kemal Reis para acudir os judeus e conduzi-los a terra otomana.


“O Rei Fernando de Espanha não é sábio como se diz, pois empobrece o seu Reino para enriquecer o nosso”. Teria dito o sultão referindo-se a cultura: conhecimentos médicos, matemáticos, filosóficos, náuticos, linguísticos, a invenção de tecnologia agrícola, a inovação artesanal, comercial e financeira; a tradução de clássicos gregos para o árabe, evitando o desaparecimento. Destaca-se na filosofia para o trabalho do pai do pensamento secular na Europa Ocidental, Averróis (As religiões são criações humanas equivalentes, e por conveniência pessoal e circunstâncias escolhemos uma).


As grandes invenções dessa época saíram do convívio, geralmente pacífico, entre as três grandes religiões monoteístas. E toda essa riqueza, pelos sefarditas, foi levada para a Turquia, que dominou o mundo, consolidando-se como poderoso Império Otomano.

“O povo que estiver conosco, que o Deus deles esteja com eles. Que vivam na nossa terra, cada um debaixo da sua vinha e da sua figueira, com prata e ouro, com riqueza, gado, e que façam comercio”, palavras atribuídas a Mehmed II, governante da Turquia.



No entanto, muitos sefarditas refugiaram-se em ‘Portakal’ e juntaram-se as comunidades judaicas (século VI d.C). Refúgio que durou pouco tempo.
Em 1496, D. Manuel I ordena a expulsão de todos os judeus e muçulmanos de Portugal, dando cumprimento aos termos do contrato de casamento com Isabel de Aragão impostos pelos Reis Católicos de Espanha.

D. Manuel I 
Para evitar o desastre económico espanhol criado pela ‘diáspora’ imposta aos Judeus, o rei ordena a conversão geral, o fechamento das sinagogas, a destruição de todos os livros judaicos, dos cemitérios, o confisco de crianças de catorze anos e a entrega das mesmas a famílias cristãs.




A conversão obrigatória foi um fracasso, pois os judeus continuavam praticando o judaísmo às escondidas, pois submeteram-se ao cristianismo por interesses comerciais, e não religiosos. Como exemplo da tragicidade da conversão forçada, tem-se o Massacre de Lisboa.


Entre os tais cristãos-novos que sobreviveram, muitos vieram desbravar o Brasil e o nosso querido Nordeste.

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